Meimei
ALTAMIRANDO
CARNEIRO - alta_carneiro@uol.com.br -
São Paulo, SP
Meimei
tinha acabado de se casar na Igreja São José, em Belo Horizonte, quando na
porta apareceu um mendigo, maltrapilho, sujo, cheirando mal. Aproximando-se
dela, pediu: “Moça, me dá uma esmola...”. Arnaldo Rocha, o marido, puxou-a
delicadamente e disse: “Mas agora? Nós estamos terminando de nos casar!”
Meimei, porém, aproximou-se do mendigo e explicou: “Moço, eu não tenho nada no
momento. Nem bolsa eu tenho. A única coisa que posso lhe dar é um beijo”.
Dizendo isso, abraçou e beijou o mendigo.
Este
é um dos dados desconhecidos da vida de Meimei, que me foram revelados na
década de 90 por Patrícia Marcelino, que na ocasião era coordenadora do Grupo
de Teatro da Federação Espírita do Estado de São Paulo e do Grupo de Teatro
Vida Nova, do Instituto Fraternal de Laborterapia. Patrícia colheu esses dados
junto a Arnaldo Rocha, na segunda-feira do Carnaval de 1990, visitando a
montagem de uma peça teatral sobre a vida de Meimei, encenada em 1991. Desse
material, Patrícia revelou-me os detalhes que se seguem.
O
verdadeiro nome de Meimei era Irma de Castro (Irma de Castro Rocha, após o
casamento), nascida em Mateus Leme, Estado de Minas Gerais, em 22 de outubro de
1922, e desencarnada em Belo Horizonte, em 1º de outubro de 1946. Filha de
Adolfo Castro e Marina Castro, teve os seguintes irmãos: Carmem, apelidada de
Carmelita; Ruth, Danilo, Alaíde e Rute. Quando tinha dois anos, sua família
transferiu-se para Itaúna (MG). Aos cinco anos, ficou órfã de pai. Desde cedo,
sobressaiu-se dos demais irmãos por ser uma criança diferente, de beleza e
inteligência notáveis. Cursou até o segundo ano do Curso Normal, sendo a
primeira aluna da classe.
Querida
e bem-amada – Meimei era católica fervorosa. Ia à missa regularmente e fazia o
terço. Foi crismada num local denominado Olinda, perto de Mateus Leme. Tinha
quatro anos, era engraçadinha e chamava a atenção pela maneira de ser. O padre
a denominou uma criança divina e começou a chamá-la de Naná, apelido pelo qual
passou a ser conhecida.
O
apelido Meimei surgiu quando ela e o Arnaldo, lendo uma edição da revista
Momentos de Pequim, encontraram referências ao livro de um escritor americano
que descrevia uma personagem chamada Meimei. No final da matéria, havia um
glossário, com o significado do termo Meimei: a noiva querida, a bem-amada. A
expressão “Amor puro”, que é registrada nas biografias, foi criada pela irmã
Rute.
O
apelido ficou guardado em segredo entre os dois, sendo usado apenas nos seus
momentos íntimos. Quando ela desencarnou, começou a usá-lo na assinatura de
suas psicografias através do médium Francisco Cândido Xavier. Foi então que o
fato veio a público.
A
família de Meimei era católica. A de Arnaldo Rocha era espírita. Mas ele era
ateu, radical e convicto, tendo-se convertido, depois, ao Espiritismo.
Desejo
de ser mãe – Apesar de ter sido muito bonita, Meimei era extremamente modesta e
de Espírito elevado e não se orgulhava dos dotes que Deus lhe dera. Era pura e
simples no modo de proceder. Onde quer que aparecesse, era querida e admirada
por todos. Irradiava beleza e encantamento. Não era dada às conquistas próprias
da sua idade. Caridosa, ajudava a todos os pobres que encontrava, socorrendo-os
e confortando-os.
Adorava
crianças e tinha um forte desejo: o de ser mãe, não o concretizando, não só
porque o casamento, aos 22 anos, durou apenas dois anos, pois desencarnou aos
24 anos, como pelo agravamento da moléstia de que era portadora: nefrite
crônica, acompanhada de pressão alta e necrose nos rins. Seu casamento com
Arnaldo Rocha foi um lindo sonho de amor, mas Meimei teria uma curta existência
terrena.
Toda
criança que passava por Meimei recebia o cumprimento: “Deus te abençoe”. Ela
tinha um filho imaginário. Quando Arnaldo chegava do trabalho e sentava-se ao
seu lado, ela dizia: “Meu bem, você está sentado em cima de meu principezinho”.
Este “principezinho” era o filho imaginário que ela julgava ter. Por isso,
Arnaldo Rocha costumava dizer que ela foi uma mulher frustrada. Por isso, a
ligação de Meimei com as crianças.
Onde
estaria Meimei no Plano Espiritual? – Muitos perguntam qual a evolução de
Meimei no Plano Espiritual. Depois que ela desencarnou, teve a ajuda de
Emmanuel, André Luiz e outros. Seu Espírito, que já era elevado, cresceu no
Mundo Maior. Segundo Patrícia Marcelino, Meimei é a personagem Blandina, citada
no capítulo IV, intitulado No Lar da Bênção, do livro Entre a Terra e o Céu
(FEB), ditado por André Luiz, através da psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
Para
que o leitor tenha noção do que seja o Lar da Bênção, destacamos trechos do
início do capítulo:
“Doce
melodia que enorme conjunto de meninos acompanhava, cantando um hino delicado
de exaltação do amor materno, vibrava no ar. Sob tufos de vegetação
verde-clara, muitas senhoras sustentavam lindas crianças nos braços. ‘É o Lar
da Bênção – informa o instrutor satisfeito – Nesta hora, muitas irmãs da Terra
chegam em visita a filhinhos desencarnados. Temos aqui importante colônia
educativa, misto de escola de mães e domicílio dos pequeninos que regressam da
escola carnal.’
“O
pequeno Júlio não se encontra no grupo. Acha-se no Lar de Irmã Blandina.
Rumamos para lá. Em poucos minutos, chegávamos diante do pequeno castelo muito
alvo, em que se destacavam as ogivas azuis, coroadas de trepadeiras em flor.
Atravessamos extenso jardim, embalsamado de aroma.
Rosas
opalinas, ignoradas na Terra, de mistura com outras flores, desabrochavam
profusamente. A irmã Blandina recebeu-nos sorridente, apresentando-nos uma
senhora simpática, que lhe fora avó no mundo”.
Prece
da criança – Meimei, por intermédio de Francisco Cândido Xavier, escreveu esta
linda mensagem:
“Amigo
que me proteges: não relegues minha querida Mãezinha ao esquecimento. Ajuda-me,
ajudando-a. Sou a flor que promete fruto. Ela é a árvore que me abriga. Sem a
seiva que a socorre, meu destino é a frustração. Sou a corrente que se move
para o futuro. Ela é a fonte que me alimenta.
Se
o veneno da terra poluir o manancial que me nutre, ainda que eu não o deseje,
espalharei no solo da vida a perturbação e a morte. Lembra-te de que a Mãezinha
é a ternura que me afaga, o carinho que me levanta, a voz que me abençoa e o
regaço que me acalenta... Como poderia reconfortar-me, sem lhe ver nos olhos o
fulgor da alegria?
Irmão
que me estendes o braço amigo, não venho a sós, ao teu encontro. Não derramarás
tua luz em minha taça de esperança, olvidando na sombra a mão que me ergue.
Toma-me o coração, mas não desprezes o coração de Mãezinha, cofre de amor e
luz, talhado em meu auxílio, pelo Coração paternal de Deus.”
Fonte: O Consolador
Fonte: O Consolador
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